Poluição tóxica de incêndios florestais atinge mais de um bilhão de pessoas

Populações de países onde as condições de vida são mais precárias e há menos acesso a purificadores são especialmente atingidos.

ClimaInfo, 22 de maio de 2025.

Um estudo publicado na revista Science Advances revelou que a poluição tóxica de incêndios florestais atingiu as casas de mais de um bilhão de pessoas por ano nas últimas duas décadas. Dados de satélite registrados entre 2003 e 2022 evidenciam que, mesmo em ambientes fechados, as partículas tóxicas – mais prejudiciais que a poluição urbana devido a compostos inflamatórios – ultrapassaram os limites da Organização Mundial da Saúde (OMS) em pelo menos um dia por ano para essa população.

Fechar portas e janelas não diminui significativamente a concentração da poluição dentro das moradias, sobretudo durante incêndios, quando as partículas tóxicas podem se infiltrar três vezes mais do que na ausência desses eventos, o que aumenta os riscos de mortes prematuras, doenças cardiovasculares e respiratórias.

O uso de purificadores de ar, segundo os especialistas, pode até reduzir notavelmente esses danos a um custo menor do que os prejuízos à saúde. A questão é que este recurso não é amplamente disponível sobretudo para populações de países pobres, como Níger e Chade.

Análises anteriores em países como EUA, Austrália e Brasil haviam associado a fumaça dos incêndios a custos bilionários em saúde, superando em muito os gastos com purificadores. Portanto, investimentos nesses dispositivos trazem benefícios econômicos e sanitários, mas dependem de políticas públicas para subsidiar o acesso em nações onde há prevalência de condições precárias de vida. Medidas como máscaras, realocação de grupos de risco e vedação de construções também foram citadas como alternativas.

Cientistas independentes reforçaram que o problema exige soluções globais e baseadas em políticas, já que a crise climática intensifica incêndios. Eles apontaram a necessidade de novos estudos para avaliar fatores como a influência da idade das edificações – que podem deixar entrar mais fumaça – e o impacto do aumento do cozimento em ambientes fechados durante esses eventos. A pesquisa reforça a urgência de combater a exposição indoor à poluição, um desafio que vai além da ação individual.

Os dados do estudo foram repercutidos por Guardian, Washington Post, Yahoo, entre outros.

Em tempo: Como noticiou a Bloomberg, os cortes do governo Trump à Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em Inglês), que cancelaram 80% dos programas da entidade, interromperam investimentos em fogões limpos na África, forçando famílias a continuarem queimando carvão e lenha. Isso agrava a poluição do ar, o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa no continente, onde 1 bilhão de pessoas ainda dependem de combustíveis poluentes. Empresas locais alertam que a falta de apoio desacelera a transição energética e amplia os danos climáticos e à saúde, especialmente para mulheres e crianças. Projetos como Alternatives ato Charcoal, que reduzia o consumo de carvão na Zâmbia em 25%, têm continuidade incerta sem financiamento.

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