O mundo inteiro está (muito) mais quente
No dia 3 de Julho de 2023 a temperatura média do planeta atingiu pela primeira vez os 17,01 graus Celsius.
Em 3 de Julho de 2023 foi quebrado (precocemente) o recorde de 2022 (16,89 graus Celsius atingido em 25/07/2022). E o El Niño está apenas começando...
Há 66% de chances de se atingir pela primeira vez um aquecimento médio global de 1,5 graus Celsius acima do período pré-industrial na média anual entre 2023 e 2027 (Organização Meteorológica Mundial).
O aquecimento global na média mensal em junho de 2023 atinge 1,46 graus Celsius acima do período pré-industrial (1850-1900), queimando todos os recordes anteriores de aquecimento com um salto de 0,16 graus C em relação ao recorde anterior de 2019.
Variações médias globais, mês a mês, entre 1979 e 2023.
De 1979 a 2023, houve um aquecimento médio global mensal, nos meses de junho, de cerca de 1 grau Celsius: de aproximadamente 0,5 graus Celsius em 1979 para 1,46 graus Celsius em 2023, sempre em relação ao período de referência 1850-1900. Foi necessário cerca de um século (1875-1979) para um aquecimento de 0,5 graus Celsius nas médias mensais de junho, mas apenas 44 anos (1980-2023) para um aquecimento suplementar de quase 1 grau Celsius.
O planeta se tornará inabitável para os humanos e inúmeras espécies em latitudes crescentes provavelmente no próximo decênio, quando o aquecimento médio global estiver se acelerando em direção a 2 graus Celsius.
“Todas as espécies têm um nicho ambiental e, apesar dos avanços tecnológicos, é improvável que os humanos sejam uma exceção. (...) Por milênios, as populações humanas residiram na mesma estreita faixa do envelope climático disponível no globo, caracterizada principalmente por um regime em torno de ∼11°C a 15°C de temperatura média anual".
– Cf. Chi Xu et al., “Future of the human climate niche”.
A economia estatal -corporativa globalizada - baseada em queima de combustíveis fósseis e em consumo de carne -, está rapidamente produzindo um clima que reduzirá drasticamente os limites geográficos do nicho humano.
Enquanto isso, estamos discutindo tudo, menos isso. Nenhuma agenda social é mais factível se não incorporar em primeira linha a questão climática e a governança global democrática. E isso requer, para começar:
(1) um patamar muito mais alto de cooperação global democrática;
(2) a redução drástica e imediata do consumo de combustíveis fósseis, com zero exploração suplementar de petróleo, carvão e gás; e
(3) desmatamento zero com restauração, onde ainda possível, da manta vegetal planetária.