Nobre: Enchente no Texas tem relação direta com o aquecimento global

A enchente que afetou o Texas e provocou até agora 91 mortes tem relação direta com o aquecimento global, afirmou o climatologista e colunista Carlos Nobre na edição de hoje do UOL News. O mesmo vale para as chuvas colossais que mataram dezenas de pessoas no estado indiano de Himachal Pradesh, no norte do país, nos contrafortes do Himalaia. No final de semana a região foi atingida no final de semana por 23 enchentes relampago e 16 deslizamentos. Em 2023 mais de 300 pessoas perderam suas vidas nas enchentes e nos deslizamentos.

Ecoar, 7 de julho de 2025

Equipes de resgate continuam nas buscas por desaparecidos após fortes tempestades atingirem o estado norte-americano. Dos 82 mortos confirmados até o momento, pelo menos 28 são crianças.

“O que houve no Texas é um fenômeno que está acontecendo no mundo. Com o aquecimento global, estamos jogando uma quantidade muito maior de vapor d'água na atmosfera. Em 2024, foi batido o recorde mundial, com 5% a mais do que em 2023. Quando há mais vapor d'água, joga-se mais energia na atmosfera

Todos os fenômenos extremos estão aumentando de frequência e quebrando recordes. Isso está acontecendo no mundo inteiro. Tivemos recordes de chuvas no deserto do Saara e em Dubai, nos Emirados Árabes, que é uma região árida. No Texas, uma região semiárida, tivemos também esse recorde de chuva.

Isso é um fenômeno diretamente relacionado ao aquecimento global. Se continuarmos aquecendo o planeta, esses fenômenos se tornarão cada vez mais frequentes”, afirmou Carlos Nobre.

Nobre explicou que a temperatura média no planeta está 1,5°C acima do registrado entre 1850 e 1900. Ele alertou que, se nada for feito para interromper esse processo, novas tragédias afetarão milhões de pessoas

“Se a temperatura permanecer nesse nível que atingimos agora, que parece ser algo muito desafiador e difícil, ainda assim teremos que fazer uma adaptação muito grande para esses eventos. No mundo inteiro, teremos que tirar centenas de milhões de pessoas que vivem em áreas de risco.

Com essa temperatura, por exemplo, o certo é não ter mais essas escolas na beira desse rio. Isso vale para o mundo inteiro. Na região costeira, o nível do mar está crescendo muito rápido. É um desafio. Temos que mudar a vida de bilhões de pessoas no mundo”.

Próximo
Próximo

Andreas Malm: estabilização do poder, desestabilização do clima