Há uma corrida para mover o futuro. A China está ganhando

Enquanto os EUA, apostam em combustíveis fósseis, a China, avança em energia limpa

David Felles, Keith Brasher, Somini Sengupta e Brad Plumer, New York Times, 30 de junho de 2025. Tradução Rupturas.

Na China, mais turbinas eólicas e painéis solares foram instalados no ano passado do que no  resto do mundo somado. E a expansão da energia limpa chinesa está se tornando global.  Empresas chinesas estão construindo fábricas de veículos elétricos e de baterias no Brasil, na  Tailândia, no Marrocos, na Hungria e além.

Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, o presidente Trump pressiona Japão e Coreia do Sul a  investirem “trilhões de dólares” em um projeto para enviar gás natural à Ásia. E a General Motors acabou de cancelar planos de produzir motores elétricos em uma fábrica perto de Buffalo, Nova  York, investindo em vez disso 888 milhões de dólares na construção, ali, de motores V-8 a gasolina. A corrida está lançada para definir o futuro da energia. Mesmo com os perigos do aquecimento global pairando sobre o planeta, duas das nações mais poderosas do mundo —  Estados Unidos e China — seguem estratégias energéticas moldadas principalmente por  interesses econômicos e de segurança nacional, em vez de pela crise climática. Indústrias  inteiras estão em jogo, assim como as alianças econômicas e geopolíticas que moldam o mundo moderno.

A administração Trump quer manter o mundo dependente de combustíveis fósseis como petróleo e gás, que movem carros e fábricas, aquecem lares e alimentaram impérios por mais de um  século.

Os Estados Unidos são o maior produtor de petróleo do mundo e o maior exportador de gás  natural, abrindo a possibilidade para o que Trump chamou de era de “dominância energética”  americana, eliminando a dependência de países estrangeiros, especialmente frente a potências rivais como a China.

A China caminha na direção oposta. Ela aposta num mundo movido a eletricidade barata  proveniente do sol e do vento, que dependa da China para painéis solares e turbinas de alta  tecnologia a preços acessíveis. A China, ao contrário dos Estados Unidos, não dispõe de muito  petróleo ou gás de fácil extração internamente, por isso busca reduzir a dependência de  combustíveis fósseis importados e alimentar grande parte de sua economia com renováveis.   

Os riscos para a China de depender de regiões politicamente instáveis para sua energia ficaram claros recentemente, quando Israel atacou o Irã, que vende praticamente todas as suas  exportações de petróleo para a China.

Embora a China ainda queime mais carvão do que o resto do mundo e emita mais poluentes  climáticos do que EUA e Europa juntos, sua transição para alternativas mais limpas ocorre em  ritmo acelerado. Não apenas a China já domina a fabricação global de painéis solares, turbinas  eólicas, baterias, veículos elétricos e muitas outras indústrias de energia limpa, mas a cada mês amplia sua liderança tecnológica.

A maior montadora, a maior fabricante de baterias e a maior empresa de eletrônicos da China  apresentaram sistemas que recarregam carros elétricos em apenas cinco minutos, praticamente  eliminando uma das maiores inconveniências dos veículos elétricos: o longo tempo de recarga. A China detém quase 700 mil patentes em energia limpa, mais da metade do total mundial. A ascensão de Pequim como potência em energia limpa está alterando economias e deslocando alianças em países emergentes tão distantes quanto Paquistão e Brasil.

O país também tomou medidas que podem dificultar a recuperação de rivais, especialmente os  Estados Unidos. Em abril, Pequim restringiu a exportação de poderosos ímãs de terras raras —  um mercado dominado pela China —, a menos que já estejam incorporados em produtos  montados, como veículos elétricos ou turbinas eólicas. Ainda que recentemente tenha começado a emitir algumas licenças de exportação, o movimento sinaliza que o mundo pode ter de  escolher: comprar tecnologia de energia verde chinesa ou ficar sem ela.

A China também começou a dominar a energia nuclear, um campo altamente técnico outrora  liderado pelos Estados Unidos. Além de ter 31 reatores em construção — quase tantos quanto o  resto do mundo somado —, o país anunciou avanços em tecnologias nucleares de nova geração e em fusão, a fonte prometida de energia limpa praticamente ilimitada que desafia a ciência há anos.

“A China é enorme”, disse Praveer Sinha, CEO da Tata Power, um conglomerado indiano que  fabrica painéis solares em uma fábrica de alta tecnologia no sul da Índia, mas depende quase  inteiramente de silício produzido na China para esses painéis. “Enorme significa enorme.  Ninguém no mundo consegue competir com isso.”

Enquanto a China domina as indústrias de energia limpa, desde tecnologias patenteadas até  matérias-primas essenciais, a administração Trump usa o peso da maior economia do mundo  para manter o fluxo de petróleo e gás americano. Em movimento oposto aos esforços do governo Biden de afastar a economia americana dos combustíveis fósseis, a Casa Branca de  Trump está abrindo terras públicas e águas federais para novas perfurações, acelerando licenças para gasodutos e pressionando outros países a comprar combustíveis americanos para evitar tarifas.

Nesta semana, o Congresso aprovou uma legislação histórica, defendida pela administração Trump, que redefine a política energética nacional fortemente em favor dos combustíveis fósseis. Washington implementa, em casa e no exterior, uma estratégia coercitiva de energia. Parte do  pressuposto de que o mundo moderno já está desenhado em torno desses combustíveis e que os EUA os têm em abundância, de modo que exportá-los beneficia a economia americana, mesmo que a energia solar seja mais limpa e frequentemente mais barata.

A competição entre EUA e China para vender ao mundo seus produtos tem sérias consequências para a saúde do planeta. Queimar combustíveis fósseis por mais de dois séculos ajudou a criar o mundo moderno, trazendo grande prosperidade a países desenvolvidos como os EUA —  historicamente o maior emissor de gases de efeito estufa. Mas também gerou o que cientistas dizem agora ser uma crise crescente. O dióxido de carbono liberado pela queima de petróleo, gás e carvão age como um cobertor que aprisiona calor recebido pelo planeta, levando ao aquecimento global acelerado.

Painéis solares, baterias e veículos elétricos chineses e econômicos tornaram possível a adoção de tecnologias mais limpas por muitas grandes economias, incluindo Brasil, África do Sul e até a Índia, rival regional de Pequim. Essa acessibilidade é crucial para reduzir as emissões globais.

O consenso científico é que o aquecimento, se não contido, continuará a causar secas e  tempestades cada vez mais severas, alterar correntes oceânicas e padrões climáticos globais, perturbar a produção de alimentos, agravar a crise de biodiversidade e inundar algumas das maiores cidades do mundo com a elevação do nível do mar, entre outros  riscos.

A administração Trump despreza essas preocupações. O secretário de Energia dos EUA, Chris  Wright — ex-executivo do setor de gás natural —, descreveu a mudança climática como “um  efeito colateral da construção do mundo moderno”. Questionado sobre as trajetórias energéticas divergentes de China e EUA, Ben Dietderich, porta-voz do Departamento de Energia, disse: “Os  Estados Unidos são abençoados com um suprimento abundante de recursos energéticos, e a administração Trump está comprometida em utilizá-los completamente para atender às crescentes necessidades energéticas do povo americano.” Esforços passados para incentivar energia limpa “prejudicaram a segurança energética da América”, afirmou. 

Amanda Eversole, vice-presidente executiva do American Petroleum Institute, lobista das petrolíferas, afirmou que sua organização acompanha de perto os avanços chineses, mas  relativiza sua ameaça estratégica: “Continuamos de olho no que os chineses fazem, porque  acreditamos que, de uma perspectiva de segurança nacional e econômica, é do nosso interesse continuar dominando o setor energético americano.” A Casa Branca preferiu não comentar sobre estratégia energética ou avanços chineses.

A maior parte da energia mundial ainda provém de combustíveis fósseis. Ainda assim, à medida  que os países tentam enfrentar os perigos das mudanças climáticas, têm adotado  progressivamente alternativas mais limpas. Até 2035, espera-se que a  geração solar e eólica se tornem as duas maiores fontes de produção de eletricidade, ultrapassando carvão e gás natural, segundo a Agência Internacional de Energia.

Conforme o custo das renováveis continua a cair, a estratégia dos EUA pode deixar a China em  posição de capitalizar o apetite mundial por energia não apenas mais limpa, mas também mais  barata. “Os EUA defenderão uma economia fóssil, e a China se tornará líder da economia de  baixo carbono”, disse Li Shuo, chefe do China Climate Hub no Asia Society Policy Institute. “A  pergunta para os EUA agora é: para onde vocês vão daqui?”

Os EUA tiveram todas as oportunidades de liderar o mundo em renováveis. De fato, já lideraram. Americanos criaram as primeiras células fotovoltaicas práticas de silício nos anos 1950 e as primeiras baterias recarregáveis de lítio nos anos 1970. O primeiro parque eólico do mundo foi construído em New Hampshire há quase 50 anos. Jimmy Carter instalou painéis solares na Casa Branca em 1979.

Mas, com petróleo, gás e carvão em oferta abundante e a indústria fóssil financiando esforços  para minimizar preocupações climáticas, o compromisso americano de promover investimentos  em energia limpa flutuou dramaticamente. Por exemplo, em 2009, o governo Obama passou a  oferecer garantias de empréstimos a tecnologias emergentes de energia. A Tesla recebeu 456  milhões de dólares, um empréstimo crucial para seu sucesso posterior. Depois houve a Solyndra,  fabricante de células solares que recebeu garantia federal para empréstimos de 528 milhões de dólares e acabou falindo, deixando contribuintes no prejuízo. Mais de uma década se passou e críticos ainda citam Solyndra como prova da tolice das renováveis. Autoridades chinesas ficaram  perplexas com essa fixação: “Vocês se preocupam com a Solyndra? Empresas muito pequenas  — por que isso importa?”, disse Li Junfeng, arquiteto-chave das políticas eólicas e solares da China, em entrevista de 2017. Pequim tinha maior apetite a riscos, o que às vezes levava a  fracassos, mas também a recompensas maiores.

O objetivo da China de dominar a tecnologia de energia limpa não nasceu das mudanças  climáticas, mas de um momento de autoconhecimento estratégico há duas décadas, quando líderes do país vislumbraram o futuro e entenderam que controlar a produção de energia era vital para a segurança nacional. Em 2003, Wen Jiabao tornou-se primeiro-ministro da China, a  segunda posição mais alta do país. Geólogo especializado em terras raras, Wen viu na política  energética uma oportunidade de negócios e uma necessidade geopolítica.

A China tornou-se dependente de petróleo importado, sentindo-se vulnerável às turbulências no  Oriente Médio e ao controle das rotas de navegação por EUA e Índia, potências por vezes hostis. A poluição do ar na China era terrível, matando pessoas e causando constrangimento global com imagens de cidades encobertas por névoa cinza. E a economia ainda dependia de manufaturas  relativamente pouco qualificadas. Wen viu na energia uma chance de resolver ambos os problemas, transformando a China em um país inovador em energia. “Em vez de fabricar chinelos de dedo, fariam tecnologia limpa”, disse Jennifer Turner, diretora do programa de meio ambiente da  China no Woodrow Wilson Center.

O governo de Wen basicamente assinou um cheque em branco. A China forneceu centenas de  bilhões de dólares em subsídios a fabricantes de energia eólica, solar e carros elétricos, enquanto  protegia seus mercados de concorrentes estrangeiros. Estabeleceu um quase monopólio global sobre muitas matérias-primas-chave, como o cobalto para baterias. A eletricidade barata, produzida por usinas a carvão poluente, permitiu ao país operar fábricas de alumínio e de polisilício mais baratas do que em qualquer outro lugar.

Críticos acusam a China de usar trabalho forçado em regiões como Xinjiang para reduzir custos, embora o país negue. Paralelamente, investiu em pesquisa e em força de trabalho qualificada. Essas medidas ofereceram às empresas chinesas de energia limpa um nível de apoio sustentado inexistente nos EUA. “É difícil levar a China a assumir um objetivo de longo prazo”, disse Jian Pan, co-presidente da CATL, maior fabricante de baterias para veículos elétricos e redes elétricas  do mundo. “Mas quando nos comprometemos, realmente queremos cumprir, e todos os setores  da sociedade — governo, políticas, setor privado, engenharia — trabalham juntos para atingir a  mesma meta.”

O esforço da China valeu a pena. Um pouco mais de uma década atrás, a CATL era uma startup criada para comprar a divisão de baterias de carros elétricos de uma empresa japonesa de  eletrônicos. Hoje, de sua sede em forma de bateria gigante, opera uma rede global de minas, processadoras químicas e fábricas. Seu fundador está entre as pessoas mais ricas do mundo. No mesmo período, a China passou a dominar até indústrias de energia limpa que os EUA outrora  lideravam. Em 2008, os EUA produziam quase metade do polisilício mundial, material crucial para painéis solares. Hoje, a China fabrica mais de 90%.

A indústria automobilística chinesa é agora vista como a mais inovadora do mundo, superando japoneses, alemães e americanos. Para reduzir custos de fabricação, a China automatizou fábricas, instalando mais robôs a cada ano entre 2021 e 2023 do que o resto do mundo somado, e sete vezes mais do que os EUA. Eric Luo, vice-presidente da LONGi Green Energy Technology,  fabricante chinesa de painéis solares, afirmou que a prática de “manufatura em cluster” se  mostrou vantajosa: “Em algumas regiões, a poucas horas de carro, você encontra tudo: componentes, fabricante, força de trabalho qualificada, tudo.” O cluster também traz grandes  benefícios na indústria de baterias de carros. Robin Zeng, fundador da CATL, disse em entrevista  no último verão que construir uma fábrica de baterias nos EUA custa seis vezes mais do que na  China — e isso antes da administração Trump enfraquecer incentivos financeiros para erguer essas fábricas nos EUA.

Além de dominar manufatura e tecnologia, a China protagoniza uma epopeia de projetos de  energia limpa. Em junho passado, entrou em operação no Xinjiang a usina solar de Urumqi, a  maior do mundo, capaz de gerar mais energia do que alguns pequenos países precisam para  mover toda sua economia. Não é um caso isolado: as outras dez maiores usinas solares do  mundo também ficam na China, e projetos ainda maiores estão planejados. A montadora chinesa  BYD está construindo não uma, mas duas fábricas de veículos elétricos que, cada uma,  produzirão o dobro de carros da maior fábrica do mundo, uma planta da Volkswagen na  Alemanha.

Os EUA demoraram a enxergar o quadro completo. Só no fim do governo Obama e início do  mandato Trump muitos formuladores de políticas em Washington perceberam que haviam cedido tanta vantagem na corrida de energia limpa à China. “Os EUA estavam dormindo”, disse Michael  Carr, ex-membro do comitê de Energia e Recursos Naturais do Senado e hoje diretor executivo  do Solar Energy Manufacturers for America, grupo do setor. “Você pode inventar a melhor  tecnologia do mundo, mas se não souber fabricá-la, não adianta.”

Claro, os EUA podem mudar de rumo. Uma futura administração pode novamente investir  pesado em pesquisa e energia limpa. Mas terá perdido tempo precioso. Investimentos chineses  feitos anos atrás estão dando resultados agora, e Pequim continua a despejar dinheiro no  desenvolvimento de sua indústria de energia doméstica e na exportação desses produtos.

AS AMBIÇÕES DE SOFT POWER

Entre os maiores clientes de energia verde da China está um petroestado, a Arábia Saudita. Em terra desértica famosa por suas vastas reservas de petróleo, empresas chinesas constroem um dos maiores projetos de armazenamento de baterias do mundo, ao lado de fazendas solares. Pelo globo, Pequim usa seu peso em energia limpa para construir ou expandir relações políticas  e econômicas. EUA e China não apenas veem a independência energética como essencial  internamente, mas entendem que fornecer energia a outros países é forma vital de projeção de  poder — e suas abordagens não poderiam ser mais distintas.

Hoje, o domínio chinês de tantas indústrias de energia limpa permite expandir sua esfera de  influência vendendo e financiando mundialmente tecnologias de energia. Essas relações permitem a Pequim firmar laços financeiros, culturais e até militares de várias décadas num momento de mudanças nas alianças geopolíticas. Os projetos formam um atlas global: Pequim negocia o fornecimento de reatores nucleares a países como Turquia, que antes fazia negócios  principalmente com EUA e Europa. No Paquistão, a China já constrói a maior usina nuclear do  país. Empresas chinesas erguem turbinas eólicas no Brasil e fabricam veículos elétricos na  Indonésia. No norte do Quênia, desenvolvedores chineses instalaram o maior parque eólico da  África. E, em toda a África, em países ricos em minerais necessários às tecnologias de energia  limpa, como Zâmbia, o financiamento chinês para projetos diversos deixou alguns governos  profundamente endividados com bancos chineses.

Desde 2023, empresas chinesas anunciaram 168 bilhões de dólares em investimentos  estrangeiros em fabricação, geração e transmissão de energia limpa, segundo o Climate Energy Finance. “Eles dominam esses mercados”, disse Turner, do Woodrow Wilson Center. “E o domínio de mercado pode ser uma forma de poder brando.”

A administração Trump segue outro caminho. Ao desmontar uma vasta rede de programas de ajuda externa, abandonou a antiga estratégia americana de projeção de poder brando. Em seu lugar, adota abordagem mais transacional com outros países. Na Arábia Saudita, por exemplo,  enquanto os chineses constroem um projeto de baterias, os EUA recentemente concordaram  com venda significativa de armamentos, e uma empresa americana se comprometeu a instalar  um linha com minas de terras raras, processamento e fabricação de ímãs.

Além disso, avança agressivamente na venda de mais combustíveis fósseis. Trump, que no ano passado recebeu mais de 75 milhões de dólares em doações de executivos do setor de óleo e gás, prometeu perfurar mais e mais poços (“drill, baby, drill”) e entregar uma era de “dominância energética”. Nos primeiros meses, tentou abrir caminho para mais exportações e instigar governos estrangeiros a comprar mais gás americano.

A Ucrânia, por exemplo, ansiosa por manter suprimentos militares dos EUA, sinalizou que  compraria mais gás americano. É outro exemplo da abordagem agressiva da administração,  mesmo com amigos. “Os EUA obtêm ‘alavancagem geopolítica a partir de petróleo e gás’”, disse Varun Sivaram, fellow do Council on Foreign Relations que ajudou a escrever políticas de energia limpa para o governo Biden. “A transição energética é realmente muito ruim para os Estados Unidos”, afirmou, “porque cedemos terreno geopolítico e econômico a um rival, a China”.

O QUE O MUNDO VAI COMPRAR?

O futuro está sendo definido acordo por acordo. Os EUA pressionam Coreia do Sul e Japão a  comprarem mais gás natural do Alasca e investirem no projeto de longo prazo de um imenso gasoduto. A China exige que a União Europeia permita a entrada de carros elétricos chineses em seu amplo mercado — o que poderia causar perda de empregos na indústria automobilística europeia.

É improvável que haja um vencedor imediato nessa corrida global. O mundo torna-se cada vez  mais faminto por energia, estimulando apetite tanto por painéis solares quanto por petróleo,  energia nuclear e gás natural. A curto prazo, isso pode funcionar bem para Pequim e para  Washington.

Os EUA ainda têm muitos clientes para seus enormes estoques de petróleo, gás e carvão. Cerc  de 80% das necessidades energéticas globais ainda são atendidas por combustíveis fósseis.  Mas espera-se que essa proporção diminua. A Agência Internacional de Energia prevê que, até meados do século, petróleo, gás e carvão ficarão abaixo de 60% das necessidades energéticas globais. E a China está posicionada para captar o negócio extra. “Quando o governo federal dos Estados Unidos decide sair da corrida, isso não a interrompe”,  disse Rafael Dubeux, alto funcionário do Ministério da Fazenda do Brasil. “Outros países seguem em frente.”

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