COP30 minimiza problema de hospedagem e diz que Belém está pronta

A menos de 5 meses da COP30 em Belém, o Brasil ainda não tem respostas concretas para os desafios logísticos da conferência. A disparada nos preços e a falta de opções de hospedagem têm gerado duras críticas de organizações da sociedade civil que consideram inviável participar da conferência. Durante as negociações climáticas em Bonn, na Alemanha, a presidência da COP apresentou uma atualização da infraestrutura em Belém e minimizou as dificuldades, dizendo que a "dimensão simbólica" do evento é mais importante.

Patrícia Junqueira, Ecoa, 19 de junho de 2025

O que aconteceu

Custo da hospedagem em Belém é o maior problema. Para conter a alta, o governo brasileiro anunciou que vai colocar à disposição quartos a partir de US$ 100 por diária. A estratégia envolve o uso de estruturas geridas pelo próprio governo federal, como a Vila dos Líderes e cabines de navios transatlânticos ancorados em Belém.

Presidente da COP minimiza problemas. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, repetiu fala do presidente Lula de que a importância da COP na Amazônia supera as dificuldades.

O presidente Lula acredita que a dimensão simbólica do local é mais importante do que alguns dos obstáculos que teremos que superar nos próximos meses. De qualquer forma, gostaria também de reforçar que a cidade estará especialmente preparada nesse momento. Haverá férias escolares e no serviço público durante o período da COP. Isso também ajudará bastante na questão da circulação, etc.” André Corrêa do Lago, presidente da COP30.

Equipe da COP30 descarta intervenção direta no mercado hoteleiro. A organização confirmou que acionou o Ministério da Justiça e a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) para investigar indícios de abuso de preços, mas que jamais considerou intervir diretamente no mercado. "Queremos que a rede hoteleira seja nossa parceira", disse o secretário extraordinário da COP30, Valter Correia. A intenção é estabelecer preços considerados razoáveis, usando os valores praticados no Círio de Nazaré como parâmetro.

Reação contra práticas abusivas. Se forem confirmadas práticas abusivas, os hotéis poderão sofrer sanções legais, como multas e até suspensão do direito de comercializar hospedagens. Porém, reportagem do UOL em março mostrou que, sob orientação de um curso do Sebrae, ministrado em parceria com o Airbnb, moradores de Belém estão cobrando dez vezes mais no aluguel temporário de seus imóveis para novembro.

Plataforma oficial de hospedagem ainda não foi lançada. A Plataforma Oficial de Acomodação tem lançamento previsto para o final deste mês e abrirá com cerca de seis mil leitos disponíveis no primeiro lote, que serão disponibilizados semanalmente.

Alimentação, saúde e segurança no evento. Para alimentação, foi anunciado que o cardápio na conferência será saudável, diverso e que 30% dos alimentos serão provenientes da agricultura familiar e da agroecologia, com prioridade para alimentos locais com baixa emissão de carbono. Os participantes terão acesso gratuito ao SUS (Sistema Único de Saúde) em situações de urgência e emergência. O Brasil implementará uma operação de segurança integrada, contemplando sistemas aéreo, marítimo e cibernético, cuidadosamente elaborada para abranger não apenas a Zona Azul e a Zona Verde, mas também toda a Região Metropolitana de Belém.

Acesso ao evento. Participantes credenciados terão isenção de taxas com novo sistema eletrônico a partir do próximo mês e haverá ampliação da malha aérea com voos diretos já garantidos de Lisboa (Portugal), Fort Lauderdale e Miami (EUA), Caiena (Guiana Francesa) e Paramaribo (Suriname).

Hoje em Bonn

Financiamento climático também avança. O Brasil apresentou hoje em Bonn o "Roadmap de Baku a Belém", um plano ambicioso para destravar o financiamento climático global até a COP30. A proposta, liderada pelo Círculo de Ministros de Finanças da conferência, prevê a mobilização de US$ 1,3 trilhão até 2035 para ações de mitigação, adaptação e proteção ambiental, com foco em países mais vulneráveis à crise climática.

Os países em desenvolvimento precisam tanto da transição energética quanto de financiamento para preservar florestas, oceanos e outros recursos naturais”. Ana Toni, CEO da COP30

Plano destaca a urgência política e econômica da agenda. O roadmap propõe reformar bancos multilaterais, criar plataformas nacionais para conectar projetos locais a financiadores globais, e implementar regulações climáticas no sistema financeiro internacional. "Queremos um documento crível, claro e acionável, que permita que as decisões das COPs se transformem em políticas concretas", disse embaixadora Tatiana Rosito, do Ministério da Fazenda, representando o ministro Fernando Haddad. disse Rosito. A expectativa é apresentar a versão final em outubro, durante as reuniões anuais do FMI e Banco Mundial.

Secretário-executivo da ONU para Mudança do Clima cobra ação concreta. Simon Stiell elogiou o plano por oferecer uma referência comum e convocou os países a transformar princípios em entrega real, com soluções de alto impacto que ampliem recursos públicos, agilizem o acesso a fundos, atraiam capital privado e enfrentem barreiras sistêmicas.

Financiamento climático não é um favor, não é caridade: é a base sobre a qual esse sistema funciona e um investimento na estabilidade global”. Simon Stiell, secretário-executivo da ONU para Mudança do Clima.

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